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[Reportagem] A mensagem do corpo de Jennifer

A reportagem mensal do D13 deste mês traz um texto publicado pela revista Salon, em março deste ano. Ele nos faz refletir sobre as mulheres nas produções cinematográficas de hoje, principalmente quanto às atrizes e aos papéis que tem aparecido para elas. A autora utiliza como exemplo a atriz Jennifer Lawrence que é  talentosa, mas recebeu críticas por, supostamente, não ter o corpo adequado para representar Katniss no cinema.

Você pode ler o texto original aqui . Abaixo você confere a tradução.

A mensagem do corpo de Jennifer

A controvérsia das formas dos corpos em Jogos Vorazes não se trata somente de curvas – é sobre os papeis de jovens mulheres em Hollywood

Por Autumn Whitefield-Madrano | Publicado em 29 de março de  2012

O corpo de Jennifer Lawrence – seu perfeito e adorável, magro-mas-não-tão-magro-assim, hábil corpo – está causando mais complicações do que realmente deveria. Desde que os blogs de Hollywood se refiram a ela como tendo uma “persistente gordura infantil” ou como tendo “ossos-grandes”, ou mesmo com o New York Times declarando que ela não parece “faminta o suficiente” para interpretar Katniss Everdeen – a resiliente e pobre heroína de Jogos Vorazes – todos os olhares estão no corpo de Lawrence. E, previsivelmente, a crítica da crítica foi rápida ao apontar o quão ridículo é considerar Lawrence muito robusta para interpretar Katniss.

Assim como as espectadoras feministas, estou bastante cansada de ver o mito da beleza estampado à exaustão em todas as telas de cinema. Mas a questão aqui não é nem o manequim de Lawrence, nem o império da magreza de Hollywood, mas sim o porquê de Lawrence ter sido escalada em primeiro lugar.

Porque, em uma indústria que constantemente escala mulheres abaixo do peso para praticamente tudo, não teria a equipe de Jogos Vorazes fugido deste mar de talentos subnutridos? A magreza de Katniss é realmente um ponto importante na trama do livro, uma de suas preocupações recorrentes antes dos jogos é ganhar peso depois de uma vida passando fome para que se sentisse e parecesse mais forte antes de entrar na arena. (Como destaca L.V. Anderson na revista Slate, você pode estar morrendo de fome e não estar abaixo do peso, mas não é assim que Katniss é descrita no livro.) Em qualquer outra circunstância eu estaria levemente encorajada em ver uma atriz escalada para um grande filme que não parecesse tão magra: Lawrence é magra em qualquer padrão, mas ainda, tem mais curvas do muitas de suas colegas. Mesmo assim, não posso me animar demais por isto, porque a escolha de Lawrence para o elenco diz mais sobre a escassez de papeis ricos para jovens mulheres do que sobre qualquer tipo de mudança dos padrões corporais.

Jogos Vorazes habita um período incomum: não somente os livros tornaram-se um enorme sucesso comercial, mas também, durante o desenvolvimento da trilogia, com a ocorrência do movimento “Occupy Wall Street”, uma crescente inquietação quanto à desigualdade na América e uma grande atenção à crítica feminista, a história torna-se um imã para análises críticas. Qualquer atriz que fosse escalada para este papel tinha a garantia de que seria levada a sério, e os produtores também sabiam que deveriam escalar alguém que fosse capaz de assumir tal posição com serenidade. Eles provavelmente escolheram Lawrence por seu talento ainda cru e sua crescente reputação como atriz séria, com sua indicação ao Oscar pela performance em Inverno da Alma (Winter’s Bone). Foi uma boa aposta: Peter Travers diz que ela “revela uma graça física e emocional impressionante”; no jornal Village Voice Melissa Anderson comenta que ela “tem um dom particular de uma determinação férrea” e o site Salon de Andrew O’Hehir diz que Lawrence “comanda a tela com um magnetismo natural”.

 No entanto, não posso parar de imaginar se, ao escalar Lawrence, eles não se aproveitaram da chance de escalar alguém que se afasta levemente do modelo rigoroso de beleza vigente. Era a oportunidade perfeita para aplacar o crescente número de espectadores questionando porque somente beldades estavam sendo escaladas para os maiores filmes; a ainda presente adoração por performances das curvilíneas Kate Winslet e Beyoncé, e da aceitação de público e crítica de Melissa McCarthy após Missão Madrinha de Casamento, mostra como a audiência estava sedenta por mulheres que não parecessem mortas de fome.

Como uma espectadora feminista que está cansada, com toda a razão, de ver o império da beleza estampado por todo filme que vejo, sou o alvo principal a ser atingido por esta tentativa. O manequim de Lawrence, sendo um número maior do que o de suas atrizes contemporâneas torna-se uma declaração: seu corpo legitima o filme, e também legitima Katniss. Literalmente adiciona peso ao personagem. “Nós não podemos ter uma pessoa sem substância interpretando (Katniss)”, disse o diretor Gary Ross ao Entertainment Weekly. Ele estava falando sobre o “peso” psicológico que Lawrence trouxe ao papel, não ao peso físico. Mas quando Hollywood atribui às belezas magras todos os papeis disponíveis, não se imaginaria que os dois se tornassem um só?

A escolha por Lawrence não é realmente o problema, o problema é a escassez de papeis complexos e profundos para atrizes de sua idade, que são escaladas mais comumente para personagens românticas e inconsistentes e sem o mínimo de peculiaridades em suas personalidades (500 Dias Com Ela lembra algo?). Desde que a maioria dos papeis para esta faixa etária são escritos para ser basicamente substituíveis, faz sentido que tendo outro tipo de postura – uma figura que quase não se encaixa nas regras de Hollywood – seria uma vantagem nos testes. (Vimos algo bem parecido acontecer com Kate Winslet, outra talentosa atriz que, desde muito nova, raramente conseguiu participar de comédias, em parte por sua figura feminina facilitar aos agentes de elenco de vê-la em papeis que requerente maior maturidade emocional).

O desfile de comédias românticas, com papeis de garotas excêntricas, e com visuais masculinos (desculpe, Lisbeth Salander, estou pensando em você) oferecem tipos, não personagens. Até para as atrizes antes consideradas “sérias” são oferecidos materiais insignificantes: Kristen Stewart mostrou seu talento mesmo em seus trabalhos enquanto criança, como em O Quarto do Pânico (Panic Room), mas é bastante desperdiçada como Bella, que poderia ser interpretada por qualquer atriz capaz de ficar de pé. E quando um dos melhores papeis para jovens atrizes é uma trouxa, nós estamos em um estado lamentável. Se tivéssemos papeis femininos mais densos, a busca para achar a atriz mais substancial para preencher a vaga não seria tão urgente. E talvez isso tivesse permitido a existência de uma atriz talentosa que se encaixasse na descrição física de Collins para Katniss (incluindo o cabelo escuro e a pele morena que fez alguns questionarem porque o papel foi dado para uma atriz branca) para interpretar o papel.

Os papeis femininos substanciais tem se concentrado em um punhado de atrizes. Vemos isso mais claramente observando nichos específicos, como mulher-sexy-com-mais-de-60-anos – quero dizer, diga dois nomes que não sejam Helen Mirren. Fica um pouco mais diversificado entre as atrizes no meio da carreira (pense em Rachel Weisz e Cate Blanchett), mas atrizes com menos de 25 anos tem mais probabilidade de serem escaladas como um bolinho do que com qualquer personagem que lhe permita alguma nuance.

Enfim, realmente acho que Lawrence foi uma excelente escolha para o papel, e não estou tentando analisar tão minuciosamente sua escolha para integrar o elenco ou sua atuação; versões cinematográficas de livros são raramente conhecidas por sua fidelidade ao original, e Jogos Vorazes acertou mais do que errou. Mais importante, não estou tentando analisar demasiadamente sua figura, que, em um mundo normal, seria entendido como uma ferramenta que uma talentosa atriz usa para encarnar uma personagem que, apesar de sua pobreza e fome, nunca se mostra frágil. Mais do que isso, gostaria que seu corpo estivesse fora de questão. Mas com a atual situação de papeis para atrizes jovens isto se torna impossível. 

É um bom texto para refletirmos também em um outro contexto: em uma época em que atores são criticados e os fãs se degladiam por causa da escolha do ator que faria o Finnick em um filme cuja grande crítica social está justamente no excesso da superficialidade com que lidamos com as coisas, é sempre bom parar para pensar um pouco.

Que as filmagens de Em Chamas venham, mas que nós também tenhamos um pouco mais de bom senso e saibamos pensar direito antes de reclarmamos das coisas.

1 de setembro de 2012 às 21:00
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Comentários
  1. Giane Leal disse:

    Amei o texto, basicamente você descreve o que eu andava pensando sobre a escolha de Finnick. Parabéns. Porque também representa uma escolha importante para Em Chamas. Não só pela descrição física, alguém já imagina que o ator tem que ter um jeitinho específico? Beleza sim, mas substância tbm.

  2. Gi disse:

    Concordo. ótimo texoto, exatamente do modo que eu pensava!
    P.S.: Adorei a parte da Bella!

  3. Henrique disse:

    Gostei do texto, hoje existe muita superficialidade, tanto pelos fãs e pelo público em geral… Houve até preconceito pelos atores que fizeram a Rue e o Thresh no filme, um absurdo que nunca deveria existir por parte dos fãs de Jogos Vorazes.

  4. Malu disse:

    otimo texto! Jennifer Lawrence é muito mais do que um corpo perfeito..ela é talento puro! uma grande atriz, para um grande papel e de uma grande história!

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