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[Reportagem] Uma Heroína Distópica Radical

A reportagem mensal de março do D13 traz um texto publicado no site do jornal americano The New York Times em abril de 2012. Ele apresenta a discussão dos dois críticos chefes do jornal sobre a personagem Katniss e seu sucesso. Entre o que eles comentam está o fato de ela ser uma personagem feminina diferente de outros comumente encontrados tanto na literatura quanto no cinema. Além disso, salientam o fato de ela também aparecer como uma junção de vários tipos de possíveis personalidades. Aproveitam, ainda, para fazer seus comentários sobre o filme, comparando Katniss com outras personagens mulheres do cinema americano.

O texto é interessante por nos apresentar algumas das possíveis razões de Katniss ser uma personagem que chama tanto a atenção e consegue conquistar várias pessoas. Além disso, as comparações feitas com outros personagens femininos, principalmente do cinema americano, também ajudam a ver a importância de Katniss na cultura popular de hoje, representando um modelo diferente do que muitas vezes era encontrado.

O texto original pode ser lido aqui. A tradução vocês conferem abaixo.

Uma Heroína Distópica Radical

Por A. O. SCOTT e MANHOHLA DARGIS | Publicado em: 4 de abril de 2012

KATNISS EVERDEEN, a guerreira de 16 anos de “Jogos Vorazes” que destruiu as bilheterias, é uma das personagens femininas mais radicais a aparecer em filmes norte-americanos. O chocante sucesso pode em parte ser explicado pelas vendas da trilogia de romances para jovens adultos de Suzanne Collins, que saltou para mais de 36,5 milhões de cópias em março, partindo de 16 milhões em novembro, sugerindo que a ansiedade pelo filme aumentou a demanda dos livros. Ao mesmo tempo há mais na febre de Katniss do que apenas a sinergia entre páginas e tela. Manohla Dargis e A. O. Scott, críticos chefes do The New York Times, examinam essa personagem complexa e às vezes contraditória. 

MANOHLA DARGIS: Um motivo pelo qual Katniss pode estar se comunicando com tantas pessoas é que ela não apenas parece ser um novo tipo de personagem feminina, mas também representa uma alternativa a um tipo cultural duradouro que o crítico literário R. W. B. Lewis descreveu como o “Adão Americano”. Lewis viu esse tipo como “um indivíduo emancipado da história, felizmente sem ancestrais, intocado e imaculado pelo que geralmente é herdado da família e raça; um indivíduo sozinho, dependente de si mesmo e que se impulsiona, pronto para confrontar o que o aguarda com a ajuda de seus recursos únicos e inerentes.” Katniss, em contraste, nunca se livra de sua história ou ancestralidade, mas é profundamente formada por ambos e esses, assim como sua incrível habilidade com o arco, a ajudam durante o massacre que são os jogos.

A. O. SCOTT: Eu vejo a silhueta de uma futura dissertação sobre Estudos Americanos emergindo na névoa. Em sua resenha de “Jogos Vorazes”, você, perceptiva, alinhou Katniss com Natty Bumpoo de James Fenimore Cooper, uma das figuras arquétipas da literatura do oeste americano. Ele é uma figura marginalizada socialmente, uma solitária que defende a frágil sociedade da fronteira sem nunca se tornar parte dela. Seus míticos descendentes incluem os honrados solitários de clássicos do faroeste: Shane, John Wayne, Clint Eastwood.

E agora, também, Katniss. Mas ela é diferente, não apenas por ser uma mulher, mas também porque ela não é uma figura livre e sem raízes da natureza. O paraíso de onde ela vem foi colonizado e cercado. Parece com o Kentucky de Daniel Boone, mas com o burocrático e desalmado nome “Distrito 12”. Ela é transportada para um jardim artificial onde as feras são efeitos especiais, e câmeras gravam todos os momentos de solidão ou privacidade. Lá, ela luta por sua vida, e por sua família e lar, cruelmente jogada contra outras crianças que fazem o mesmo.

Tudo isso significa que, enquanto ela corre pela floresta, Katniss carrega o fardo de múltiplas identidades simbólicas. Ela é uma atleta, uma celebridade da mídia e uma guerreira, além de irmã, filha, amiga leal e (potencial) namorada. Em termos de gênero ela é uma heroína de faroeste, de ação, de romance e ídolo pré-adolescente. Ela é Natty Bumpoo; Diana, a casta caçadora do mito clássico; e também a síntese de Harry Potter e Bella Swan – O Menino Que Sobreviveu e A Menina Que Deve Escolher.

Os livros da Sra. Collins conseguem fundir todos esses significados em uma personagem crível dentro de uma história empolgante e complexa. Eu acho, apesar de alguns defeitos, que o filme também é bem sucedido na maior parte, que é dar a novos e ardorosos fãs uma Katniss na qual eles podem acreditar.

DARGIS: Certamente a personagem é forte o suficiente para sobreviver à direção de Gary Ross e o erro na escalação de Jennifer Lawrence, que fez 21 anos perto do fim das filmagens. Meu problema com ela no papel (que, não preciso dizer, não é culpa dela, mas de quem a contratou) é que ela parece com a adulta que é em vez de uma adolescente que, alguns anos antes do começo da história, como Katniss diz no primeiro livro, era “só pele e osso” e, como consequência desses anos de fome, parece “uma garotinha”. É difícil não imaginar se os produtores escalaram uma adulta para deixar a violência mais aceitável; também é difícil não pensar que eles escolheram uma mulher com um lindo corpo em vez de uma garotinha porque estavam com medo que homens não fossem ver uma história focada em uma mulher.

Mas Katniss é uma personagem tão sensacional que ela atiça sua imaginação, mesmo quando o Sr. Ross parece querer abafá-la, e aceitar todas aquelas identidades mencionadas. Ela personificar esses papéis diferentes ao mesmo tempo a faz parecer nova, particularmente porque no cinema americano contemporâneo, personagens femininas (ainda!) são frequentemente reduzidas a tipos (mãe, namorada, vítima). Vale a pena observar isso, assim como as maneiras como ela se diferencia de outras heroínas, incluindo uma das melhores, Ripley na série “Alien”. Katniss não está presa ao gênero. Ela assumiu a responsabilidade de seu pai morto como a provedora da família e também é uma mãe substituta para sua irmã, Prim. Mas Katniss não alterna entre masculinidade e feminilidade; ela habita ambos, o que pode querer dizer que nenhum se encaixa de fato.

SCOTT: Não sei se “ambos” quer dizer “nenhum deles”. A confusão da identidade de gênero tem sido assunto de filmes desde antes de Marlene Dietrich usar pela primeira vez cartola e paletó. O que é interessante em heroínas da cultura pop como Katniss – e também Lisbeth Salander de “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres” e suas sequências – é quantos códigos de gênero diferentes e contraditórios elas absorvem. Lisbeth é uma vingadora feminista, uma nerd antissocial, uma sobrevivente de abuso e avatar de uma sexualidade autônoma e polimórfica. Pelo menos na recente adaptação cinematográfica que David Fincher fez de “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, ela também era claramente uma fantasia masculina, a ser cobiçada e explorada pelo olhar frio e predador de sua câmera.

Katniss não é bem assim. Sim, Jennifer Lawrence é bonita, mas não acho que ela tenha sido mal escalada. Para mim, a chave de sua performance é seu rosto. Sua expressão é séria e de certa forma inescrutável, e ela é imediatamente uma presença observadora e reativa no mundo de Panem e com uma atriz determinada e de pensamento livre dentro disso.

Isso faz dela a substituta perfeita para o leitor transformado em espectador, que percebe esse mundo distópico por seus olhos que também se imagina no lugar de Katniss. Não digo “ele” ou “ela” porque “Jogos Vorazes” permite – ou talvez instiga – um tipo raro de identificação universal, talvez até mesmo tabu. Geralmente se assume que garotas podem sonhar em ser como Harry Potter ou o Homem-Aranha, ou pelo menos podem entrar em suas aventuras sem reduzir sua feminilidade. Mas pelo menos dentro das divisões de marketing da indústria cultural, é certo que meninos não fingirão ser princesas.

A não ser, talvez, que as princesas estejam armadas. Só olhem para Kristen Stewart naqueles pôsteres de “Branca de Neve e o Caçador”, parecendo mais uma Joana D’Arc assassina do que uma ingênua da Disney. As guerreiras mulheres de uma geração anterior – Ripley de Sigourney Weaver e a Sarah Connor de Linda Hamilton nos filmes de “Exterminador” – eram instrumentos da fúria materna, adultas usando armas para demonstrar seus instintos protetores. Katniss e sua legião parecem estar canalizando um tipo diferente de raiva e mexendo com um grupo diferente de fantasias.

DARGIS: Há um lado divertido em como artistas como Dietrich falam de gênero de forma espirituosa e subversiva, claro, o que o reconhece como construção. Mas há algo diferente em como Katniss, de forma inconsciente, mistura características que, mesmo hoje, tendem a ser identificadas no cinema popular tanto com homens quanto com mulheres. Para mim, Katniss lembra Ripley no primeiro “Alien” por fazerem os trabalhos que precisam fazer e só por acaso serem mulheres. Em contraste, nos últimos filmes de “Alien” e na série “Exterminador”, o lado maternal ajuda a racionalizar a violência feminina. A definitiva condensação disso ocorre no segundo filme quando Ripley, protegendo uma garotinha, vira para o alien e diz, “Saia de perto dela, vadia!”

SCOTT: Não tenho certeza que o problema de hoje seja a subversão das normas de gênero e sim uma confusão generalizada sobre o que devem ser essas normas e se elas deveriam existir. É isso que deixa esses filmes tão interessantes e tão abertos a interpretação. Tentativas de decodificar as políticas sem gênero de “Jogos Vorazes”, colocá-las no cenário ideológico do mundo real de alianças partidárias e ocupadores, aconteceram em todos os lugares, o que foi previsível e divertido. E a própria Katniss, nas maneiras que temos discutido, é um livro bem aberto.

Depois que eu vi o filme, minha filha de 13 anos me perguntou se eu era “Team Peeta ou Team Gale”, referindo-se ao garoto do Distrito 12 que é o amante “desafortunado” de Katniss na arena dos Jogos Vorazes e a seu musculoso melhor amigo de onde mora. A pergunta também evoca “Crepúsculo”, é claro, que conseguiu um grande número de fãs pela objetivação competitiva de Jacob e Edward.

Só para constar, sempre achei que Bella deveria dar um fora no chupador de sangue chorão e brilhante e fugir com os lobos, apesar de que como um adulto crítico de cinema eu sei que deveria me manter neutro. Mas devo dizer que isso não me ocorreu, assistindo a “Jogos Vorazes”, pensar muito sobre quem deveria ser o namorado de Katniss. Ela parecia ter preocupações mais importantes – e também, trazer de volta provisões a Leatherstocking e a seu povo (referência à obra de James Fenimore Cooper), para ser um tipo de heroína fundamentalmente solitária.

DARGIS: Sugerindo que Katniss ocupa posições femininas e masculinas (e, portanto, não está ligada a nenhuma delas), eu estava indo em direção à ideia de que unanimidades de gênero são mais inaptas do que confusas. Quer dizer, matar é masculino? Alimentar é feminino? Katniss alimenta e mata, e faz ambos extremamente bem. Katniss é uma figura de fantasia, mas parte do que a faz poderosa – e, eu suspeito, o que a faz tão importante para muitas meninas e mulheres – é que ela é uma das personagens femininas de sentimentos mais sinceros e mais complexa nos filmes americanos em muito tempo. Ela não é passiva, ela não é fraca, e ela não é uma garota aleatória. Ela é ativa, forte e é a garota que motiva a história.

Katniss evoca sim o Adão Americano, e ela trilha seu próprio caminho. Ela é uma individualista rude que se levantou com suas próprias botas, mas ao mesmo tempo tem raízes em casa e em seu amigo Gale, que a faz companhia, e em sua irmã, Prim, que dá a ela amor e uma razão para viver. E enquanto os Jogos Vorazes se registram como o pesadelo social supremo de Darwin, Katniss triunfa mudando as regras e formando alianças com outros tributos, especificamente Rue e Peeta. Por fim, Rue (interpretada por uma atriz birracial no filme e descrita no livro como “com pele escura de cetim”) pode talvez funcionar narrativamente como os companheiros índios de Leatherstocking, apesar de ela estar longe do clichê de “nobre selvagem”.

Alguns espectadores racistas, que podem estar lendo fantasias de supremacias brancas no aspecto de sobrevivência da história, reclamaram que Rue parece escura (o que quer que isso signifique). Na verdade, Rue, Katniss e Peeta existem em um novo tipo de fronteira que é um pesadelo distópico, mas que tem seu momento utópico – que pode ser muito responsável pela popularidade do filme – que os estereótipos de raça e gênero se tornaram aparentemente irrelevantes.

O que acharam das opiniões dos dois críticos do The New York Times sobre a figura da Katniss?

2 de março de 2013 às 21:00
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